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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Nelson Rodrigues relata, em crônica, artigo em favor do Piauí...

Como sempre, estive hoje pela manhã numa livraria da cidade e deparei-me com livro precioso de autoria do falecido jornalista Nelson Rodrigues, que pelo sobrenome bem poderia ser meu parente, mas trata-se apenas de uma destas felizes coincidências da vida como é... Pois bem. Na obra "Confissões de um reacionário", Rodrigues fala sobre o Piauí, relembrando artigo que escreveu em 1969 em defesa do Estado por considerar que havia, da parte do Governo Federal, uma discriminação muito grande para conosco.

Imaginava o brilhante cronista que seria aplaudido pelos piauienses. Mas se enganou redondamente, porque a manifestação foi totalmente contrária a ele e ao seu senso de justiça apurado com o qual se armou de corpo e alma para dizer que a União deveria ser mais respeitosa em relação às necessidades do nosso Estado, destinando, para cá, os investimentos em cumprimento ao pacto federativo na mesma proporção em que acontecem em relação aos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais...

Os piauienses ficaram indignados contra Nelson Rodrigues, que chegou a ser xingado numa edição do jornal "O Liberal", de saudosa memória, e também numa carta aberta publicada pelo então secretário do Governo do Estado. O secretário, enfurecido pelas palavras de Nelson, entendeu que o Piauí estava sendo chamado de "pobre" e ele, como nenhum outro piauiense, concordaria com esta agressão gratuita ao nosso rico e pujante nordestino. Longe de ficar zangado com as referências nada elogiosas à sua pessoa, o jornalista carioca entendeu logo que havia ali uma contradição muito grande.

Em todos as unidades federativas do País exagera-se no item necessidade. Muitos se dizem pobres mesmo que não sejam - mas apenas para fazer jus aos adjutórios federais. Assim o fazem Rio, Sampa, Minas, Ceará, Pernambuco, e tantos quantos, mesmo que não tenham condição de tamanha necessidade e se encontrem até mesmo em melhores condições do que nós. O piauiense, ao contrário, faz questão de dizer que é rico. Daí Nelson pensar, utilizando-se da notória fertilidade de sua imaginação, que a pobreza de uns muitas vezes residem no seu discurso. Se um Estado diz que é rico, potencial ou concretamente, por que haverá de despertar, entre os burocratas do Governo Federal, qualquer atenção em relação a ele? Para destinar verbas, então, nem se fala... Melhor destinar para aqueles que alardeiam a própria necessidade e, por que não dizer, pobreza...

Os episódios aqui relatados se deram em 1969. Transcorrem, pois, exatos 42 anos. Tempo suficiente para qualquer Estado alcançar o desenvolvimento sócio-econômico e cultural. Mas o Piauí como um dos mais pobres da Federação, embora internamente seus líderes e até mesmo parte considerável da população façam questão de dizer que vivemos num lugar muito rico e pujante.

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