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segunda-feira, 9 de maio de 2011

Curiosidades jornalísticas

Muitos episódios curiosos marcam a atuação da imprensa piauiense nos anos setenta. Confesso que não vivenciei nenhuma delas, embora tenha mantido ou mantenha relacionamento de amizade com os seus personagens. Em 1978, na campanha para o Senado que dividiu o Piauí entre Dirceu Arcoverde e Alberto Silva, o jornalista Carlos Medeiros recebe do editor de “O Estado” a determinação para cobrir um comício que seria feito pelo candidato governista, Dirceu, na praça do Marquês.
Ocorre que Medeiros estava com muita vontade de viajar para sua cidade natal, Esperantina, a fim de passar o fim de semana. Inconformado com a incumbência, decidiu ser criativo e ao invés de cobrir o acontecimento, como fora pautado, simplesmente redigiu a matéria antes do acontecimento, catou algumas fotos de comícios recentes no arquivo do jornal e desceu para publicação.
O diagramador Vilson Santos ainda ponderou com Medeiros, mas o jornalista disse que estava tudo bem. “O Dirceu é candidato do governo e diz sempre a mesma coisa. Daí presumir que haverá muita gente no comício e que ele voltará a prometer tudo o que já prometeu antes. Não se preocupe. Vai dar certo.”
A manchete do dia seguinte foi que Dirceu Arcoverde reunira uma grande multidão na praça do Marquês em mais um grande comício da situação. Para infelicidade de Carlos Medeiros, o evento não se realizou porque desabou sobre Teresina uma verdadeira tempestade.
Iniciando no mesmo jornal, o hoje conhecido Kenard Kruel gostava de mostrar seus textos para o dono da empresa, Hélder Feitosa, que mais tarde seria barbaramente assassinado. Os colegas o orientavam de que ele deveria levar o seu material diretamente para o editor Montgomery Holanda, no entanto ele insistia na prática de tentar influenciar o patrão para suas habilidades como redator.
Foi então que o jornalista J. Barros resolveu aplicar uma peça em Kruel. “É preciso que você saiba se dirigir ao patrão. O Hélder não gosta de ser chamado pelo nome. Você ganhará pontos com ele se o chamar pelo apelido de ‘Caburé’, que é uma denominação terna, que o acompanha desde a infância.”
Crente de que estava abafando, Kenard Kruel aproveitou que o chefe acabara de deixar sua sala e estava circulando pela redação e aproximou-se dele. “Olha aqui, seu ‘Caburé’, esse texto que acabei de produzir sobre a nova literatura do Piauí.”
Hélder Feitosa odiava o apelido e olhou para Kruel com uma cara muito enfezada para deleite dos demais jornalistas.

Teresina, 9 de maio de 2011

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